segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Reflexos

Na Vida, existem tantos caminhos, tantas escolhas, tantos reflexos de nós. E sempre que escolhemos, a roleta rola e o mundo gira, os trilhos a mudarem, a luzirem até cegares. No fim que é um (re)começo, sei que te sentarás a meu lado cansado da viagem e vais sorrir-me. Dirás que vivemos e fomos mais, fomos grandes. Os joelhos tremeram em noites escuras, os pés arrastaram-se em dias longos. Foi difícil. A Vida é dífícil. Por vezes, desejas apenas que páre. Encolhes o corpo frágil, escondes as asas nas costas cansadas e queres apenas que te esqueçam. Te deixem por momentos respirar fundo. Dizes, que o Sol é demasiado alto e o Céu é demasiado longe, que na tua voz nada mais sobra que um fio de nada. Mas a Vida, não pára. E o casulo onde escondes as linhas que constróis com palavras não pode albergar o teu corpo indefinidamente. As mãos tiveram espasmos, a ciclos, de ti partiram pessoas que amaste. Para outros quadros, outras fotografias. Sorris-me, e dizes que as escolhas te pesaram nos anos que vivemos, os anos em que o cenário mudou tantas vezes. Crescemos. Oh, se crescemos. Tão sonhadores, quanto mudos estão os nossos olhos. Sou o teu espelho. As tuas raízes roem-me os pés, enquanto os teus braços procuram o calor da fonte. Iremos partir, para outra Viagem, mas por enquanto o teu semblante é o meu semblante, e os teus olhos, os meus. Os teus lábios sorriem o meu sorriso, e nas minhas mãos nascem os teus poemas. Um cordão de todas as cores, liga o teu umbigo ao meu e os teus dedos confundem-se com os meus. Lembras? Lembras, quando nos vimos pela primeira vez, o tempo não era ainda tempo? Murmuras o meu nome, e o meu nome é o teu. Esqueço-me de mim e de todas as palavras. O Mundo gira. Difícil não é perdermo-nos no abismo, difícil é encontrarmo-nos e não sabermos que somos nós.

0 Comments: