segunda-feira, 1 de abril de 2013

Stardust

What if I was a star? Aguardo a libertação da noite. A ânsia que irá transmutar o nosso semblante. Tornar-nos mais reais e simultaneamente mais etéreos. Aguardo o momento em que a luz se esconde do nosso olhar Perscrutador. Intenso. Maior. Aguardo a verdade que queima sob a forma dos teus dedos. A máscara que se torna rarefeita nos minutos Que antecedem a Lua Branca. Cortejas a curiosidade impaciente do meu sorriso. Estreitas-me contra o teu peito robusto E sussurras-me ao ouvido palavras, sons guturais De posse e transparência. Aguardo o tempo que não é tempo quando o teu corpo Se transmuta num lobo cinza que percorre Os campos a meu lado. Que vigia os meus passos inseguros. Transportas-me a alma transbordante Para os locais mais recônditos do Inconsciente que une todas as almas humanas. Seduzes a mulher-criança-fortaleza, As mãos como garras nas minhas ancas. Enterras o rosto na curva do meu pescoço. És homem-fera-abismo. E tudo em ti é maior. Abandono-me na tua pele, aguardo o beijo eterno da noite. O coração cheio de certezas, de dúvidas, de sentimentos, De pensamentos, de tudo o que é humano e tudo o que é bestial. Somos noite, universo, matéria negra que cria matéria branca. Propósito que todos os dias dos nossos antepassados criaram. Linha contínua de angústia e prazer. Percorres-me a pele com a língua húmida. Dentro de nós uma chama que não morre. Uma chama que nos engole por dentro. Que cria e recria a ponte efémera que liga A carne ao coração, o olho à lágrima, o lábio ao sorriso, A mão à tua mão. O dia à noite, o Sol à Lua. O ontem ao amanhã. Nascemos dos arquétipos divinos onde tudo é luz e negrume. Aguardo que todo o sentimento me rasgue os poros, Me recrie e renasça. Mais eu. Mais intensa. Mais branca. Aguardo que o corpo se precipite no teu abismo E renasça em ti. Mais do que hoje. Mais do que imaginação. Mais do que sentimento, mais do que pensamento. Mais do que nascimento. Mais do que morte. Mais do que noite. Mais do que sonho e ânsia. Poema do poema ancestral. Música da música primordial. Carne da primeira carne. Sonho do momento perfeito. Perfeição da imperfeição. Todas as crenças em convergência, todos os deuses num ser, Todas as verdades numa verdade. What if I was a star?

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