Embora o coração te sussurre ao ouvido, a tua mente impele os teus passos em frente. Nela, eu sei-te e (re)encontro o teu rosto, ainda que já não estejas aqui. Embora o coração te murmure verdades que te pesam nos ombros, gostas de pensar que bastará a força da minha vontade para te trazer de volta. Embora o coração te diga simplesmente, tu queres acreditar que te entregas e que eu te (re)descubro. Para ti, não importa quantas vezes mascares os teus caminhos, te escondas dos meus dedos, te afastes da minha pele. Embora o coração te doa no peito e te diga que um dia poderá ser o último, poderemos nunca mais, nunca mais, nunca mais... Acreditas com todas as tuas forças que eu te cobrirei os ombros feridos de beijos, os lábios abandonados de ternura. Embora o teu coração tenha medo, e te leve devagarinho a recuar, te diga baixinho que um dia eu poderei não estar aqui. Tu tens fé que o meu amor será sempre uma luz e que eu saberei enfrentar todos os demónios. Embora o meu coração me diga no silêncio, que os nossos âmagos nasceram na mesma fonte e que o teu coração bate ao mesmo ritmo que o meu. Eu sei que os teus pés vão querer levar-te para longe, para um mar revolto onde não coexistes com a fragilidade de amares. Embora o meu coração me prometa nunca desaprender a canção melancólica que traz o teu corpo com a mudança da maré, as minhas mãos cansadas escondem-se atrás das costas magoadas dos dias em que não te tocam. Teimosas. Frias. Fingindo-se desinteressadas do teu rosto resignado. Embora os nossos corações nos peçam e impeçam de esquecer. Decorámos todas as rotas de fuga. Para que as possamos trilhar sem pensar, sem sentir, autómatos. As palavras ficam suspensas entre nós. Pontes flutuantes para que o amor saiba sempre por onde regressar.
quinta-feira, 29 de maio de 2014
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