sábado, 12 de setembro de 2009

A esperança do coração

"Escreve para mim"

E o mundo revolta-se numa insinuação de pertença e de horror.
Caminhas os caminhos que conheço e sei, atravessas vales negros de bruma onde esqueces o teu nome.
Reaprendes a ser outro, deixas de ser tu. Ofereces o coração e a vida. E ela nega-te.

O mundo urra, o vento perfuma o inevitável, e eu escrevo-te. Escrevo-te sozinho, quiçá com uma pequena esperança a iluminar o vazio, quiçá com as mãos estendidas num gesto de súplica: "preenche-me".
Da súplica crio uma ponte, da ponte nasce uma ressonância, da ressonância sinto-te o pulsar quente das veias. És ainda dela. Quiçá um pouco meu.

O mundo cria impossibilidades, escolhas, oportunidades e encruzilhadas.
O mundo cria-nos e recria-nos.
E eu escrevo-te. Esperando, nesse acto, que a esperança do meu coração ecoe no teu.
Esperando que das minhas palavras luza uma estrela para onde possas escoar o teu vazio.

O amor violou-nos os sentidos. Até quando não sei. Dá-me a mão. Respira pelos meus lábios. Deixa que a sombra dos meus passos desenhe os teus.
Escreve-me. Solta as palavras. Renasce. Sonha. Tem esperança.

Escrevo para ti.
Preencho-te.
Sorri (me).

2 Comments:

André Gomes said...

E por fim, escreveste mesmo.

Ofereces o coração e a vida. E ela nega-te.


Sim um pouco teu . Até quando também não sei, entrego-me.

Preenches-me , Quero renascer com os teus passos , quero sonhar com a tua esperança.

Aceito as tuas mãos estendidas.


Perdoa-me o ser incompleto , perdoa-me .


Obrigado fada, obrigado mesmo


do André .

Maria João said...

O mundo cria situações agradáveis, deliciosas, encantadoras, graciosas, deslumbrantes... caricatas, surpeendentes, ilusórias, irreais. Mais do que poderemos alguma vez imaginar.

(in)Felizmente nunca conheceremos todas.