segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Manto de saudade

Moras no meu silêncio. Sereno. Pergunto-me se nessa existência eterna o peso da clareza desapareceu do teu olhar. Regressas em cada música, em cada acorde triste que invade o coração. Levaste contigo as minhas letras. Nada mais sei escrever, agora que não estás aqui. Teço palavras em silêncio, e em silêncio sinto-te chegar. Em memórias esbatidas, em que te ouço chamar-me. O maior medo de quem ama é esquecer a voz de quem partiu. Teço palavras por entre o silêncio, para que possas estar mais um momento aqui. E mesmo quando lágrimas de sal rasgam o coração por entre as palavras e os pontos finais, permito que a sensação de ti invada o poema. Para que os vazios se apaguem perante a clareza com que te recordo. Para recordar que só desaparecerás de mim quando surpirar o último suspiro. O maior desejo de quem ama é a Imortalidade. Não a nossa, essa não. A dos que amamos, para que possam sorrir-nos todas as manhãs e todas as noites, em todos os dias da nossa vida. E a Imortalidade que conhecemos é apenas o Amor. Que nos faz perdurar para sempre no coração dos que amamos. Todas as manhã e todas as noites, em todos os dias da nossa vida.