domingo, 21 de abril de 2024

Carta

Alinho as dificuldades, as contrariedades, as necessidades,
recomendações, travessões, contradições.
Direcções equidistantes do que chamamos uma vida.
Um clamor ergue-se. Perceciono as vertigens,
os pólos invertidos.
Investidos, vestidos com que me mascaro.
Punhais dentro das gavetas a aguardarem
o seu destino. Famintos.
Devolve-me as palavras.
Os meus pés  não pisam o chão,
oblíqua.
Vítima, presa, carrasco.
Um balão de oxigénio num dia quente de Verão.
Uma onda, um portão, um caminho
sem passos. Uma linha sem orientação.

Chegou uma carta, era a minha escrita.
Do futuro, para ti.

O que dizia, não sei.
Talvez um poema do fim.