terça-feira, 13 de março de 2012

O epicentro da explosão

Reencontro-me na ânsia dolorosa de ouvir a tua voz.
As palavras desaparecem como pegadas na areia.
Do meu coração nascem pontes que levam um eco
até onde o teu corpo repousa. Ouves-me. Como sempre.
Por entre as nuvens e o Sol que brilha quente.
Preciso-te, a força da impacienciaa consumir-me as certezas.
Procuro-te nos rostos, nos momentos que me assolam na noite,
nos soluçosque me atravessam a garganta.
Procuro-te. A febre, a necessidade, a fome.
Sinto-te por entre os dias, por entre as omissões,
os gritos, as negações, as traições, o final e o recomeço.
O eterno ciclo da tua mão na minha nuca, a afagar- me.
O meu sorriso. Difícil. Sinto-te a presença,que me afoga em poesia.
Tu que apenas és tu quando estás em mim.
Os teus dedos enterrados no meu cabelo,
a extensão da tua raiva, a mágoa, a tua eterna insatisfação.
Cobres-te de silêncio. A poesia, minha. A explosão. Eu. O orgasmo.
A proibição, o perigo, o amor que é incomportável.
Meu. O que roubei, o que conquistei, o que rasguei de ti.
O mundo gira sobre si mesmo e as sombras
extendem-se pela margem de sanidade.
As palavras que escorrem pelos meus olhos. Sei-te.
Os sonhos voltam a espaços,agarro o destino, tu e eu,
as faces retorcidas de uma mesma alma.
Os sonhos finalmente meus. O rosto finalmente sereno.
Abandono-te no epicentro da explosão.
Em mim todas as palavras, todos os momentos, todas as inocências.
A tua mão no meu cabelo. Queda.
Os teus dedos finalmente petrificados pelo medo.
Finalmente mudos.