sexta-feira, 10 de junho de 2011

Matéria do teu coração

Vejo-te menino, sorrir-me por entre os dias que nos
esmagaram o coração. Vejo-te os olhos e as inocências
que guardaste no espaço que é nosso.
Sento-me a teu lado e estás cansado,
as cicatrizes ardem-te no peito.
Afago-te o cabelo e sorrio-te.
E o meu sorriso é o sorriso dos dias que me conhecias
e as tuas mãos eram as minhas mãos.
A matéria do teu coração
é a matéria da minha alma. Somos duas faces da mesma moeda.
E sei que, finalmente, nos perdoámos.
Vejo-te tão nitidamente como outrora.
E no fim de todos estes anos és tu que me habitas.
Sempre tu. E o meu amor é tão infinito como sempre foi.
Curei a alma e voltei a ser eu.
Vês-me. E toda eu sou tua. Sorrio-te.
Recuperei a minha luz. Não te forço. Não te violento.
Estou aqui e sou eu. E tu és o eco da minha luz.
Percorro as tuas cicatrizes com os dedos.
Amo-te hoje como sempre. As minhas palavras, tuas.
O meu sorriso, teu. A minha alma aos teus pés.
Eu apenas sou eu quando me olhas. Eu apenas luzo quando
és tu que me observas. Não me importam os outros,
as suas mãos e as suas dádivas. Apenas tu.
Porque apenas tu me compreendes. Apenas o teu sangue
corre no mesmo sentido que o meu.
Tu que me aceitas e me respeitas e me sabes.
Tu que nunca me largaste palavras duras.
Que permitiste que te violentasse
quando tinha o coração em ferida.
Tu que sempre estiveste aqui.
Mesmo quando existiam outros braços,
outras ternuras. Sempre me ouviste. Eram os teus braços
que cobriam os meus ombros quando chorava.
Era no teu regaço que me quebrava.
E renascia. E tu permitias. Sei hoje o preço que pagaste
para me ouvir chorar. Sei hoje o que fiz ao teu coração.
Sei hoje que sempre te deixei partir.
Renasci dentro do peito. De dentro para fora.
Voltei a ser a menina que te conquistou o coração.
Sorri-me meu amor. Sorri-me estejas onde estiveres,
sorri-me. Sê feliz. Comigo ou sem mim. Voa.
Estou aqui e não tenho medo. Não tenho espaço para ter
mais algum sentimento que não o amor.
Regressa a ti mesmo. Os teus nomes, fui eu que tos dei.
Ofereci-tos. São todos teus. Quando doer eu estou aqui.
Quando não conseguires voar eu levo-te nas minhas asas.
Quando quebrares eu ergo-te. Quando estiveres cansado
eu beijo os teus dedos. E se partires levas o meu coração contigo.
Tudo o que vejo és tu.
Sorri-me.

1 Comment:

AndréGomes said...

ontem ouvi e lembrei-me : 'as vezes é mesmo assim, não há outra solucão, dói muito dizer que sim, dói menos dizer que não. '