terça-feira, 10 de junho de 2014

O sonho da solidão

Sonho: Num mundo paralelo, entro na casa que partilho com o passado. Observo as paredes, a ausência de fotografias com sorrisos. Na janela, o cinza do tempo, fere-me as retinas. O sol há muito que se despediu da terra fria. Vejo-te e o meu coração está cheio de nada. Sinto a garganta apertar-se de desespero, de uma energia que impele os meus pés a fugir mais uma vez da miséria da mediocridade. Explico-te os motivos, ignoro o cheiro líquido das paredes húmidas. Quero que os meus dias sejam docemente solitários. Aceitas a minha decisão, sem grande luta ou indecisão. Pedes-me apenas um prazo curto para refazeres as tuas lutas. Passam-se os dias e regresso à casa que partilho com o passado. Tentas em vão, seduzir-me o corpo e a mente. Não te quero, não compreendes? Não vês a rejeição do meu olhar chocado? Afasto-me como um animal ferido, enquanto te despes. Não quero... não quero... não quero. Sinto um nojo a inflamar-me a revolta. Sinto-me um pedaço de carne exposto, um prémio de caçada. Recuo, recuo até à porta e saio, voo para longe d casa. Pago-te para que partas. O Sol volta finalmente, após tantos dias longe da minha psique. A solidão é um balsámo poderoso para as feridas da alma.

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