terça-feira, 18 de julho de 2023

Sal Amargo

De ti soube que percorres as estradas
em busca da liberdade que perdeste ao nascer.
Deixas pedaços de sombra como quem deixa poemas.
As palavras trazem-te sentidos que não queres
recordar. No vento esqueces as mágoas
e o (des)amor, um horizonte que te ilude
dia após dia, após dia.-

Cartas esvoaçam, fugidias, tremem.
Por vezes, à noite, quase podes sentir
o cabelo, o seio, o monte de Vénus,
a língua. Recordações? Ou a tua imaginação
a trazer-te os lábios de todas as mulheres que amaste
e as que juraste amar.

Perdem-se, esquecidas, nuas.

Escreves as palavras e apagas,
como quem apaga de si próprio o sangue,
o gene, o sal amargo dos dias.

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