terça-feira, 20 de outubro de 2009

A onda

Exponho a pele frágil ao escrutinar implacável da competência do destino.
Existe amargura no incumprimento de promessas, no finalizar de juventudes
que se afogam na mediocridade de se ser tão humano.
A estupidez grassa no verde da impaciência. Das paredes pendem
quadros de tintas negras em variados tons de lamento.
A arte seca, esquecida, no canto mais afastado do quarto.
O mundo move-se lânguido. O mundo que abandona diariamente
crianças nos braços famintos da podridão.

Exponho a pele frágil ao escrutinar implacável da competência do destino.
Existe ternura no sonho que espreita no mais cinzento dos passeios.
A sensualidade nasce nas palavras inusitadas de um estranho.
Possibilidades desconhecidas que se desnudam lentamente
e dançam embriagadas. Deliciosamente vãs.
A luz perdura no mais profundo breu.

A onda aproxima-se da minha psique.
Derruba-me. Sufoco. Tenho medo. Tenho tanto medo.
A onda aproxima-se.
Venço. Retenho-a. Afasto-a.
A onda reaproxima-se.
Sei que um dia a vou transformar em espuma e serenidade.
Exponho a pele frágil ao ressurgir imprevisível da onda.

A luz perdura no mais profundo eu.

3 Comments:

André Gomes said...

Abraço-te minha Fada.
Enquanto é gratuito o ser, condeno-me a ler-te como não leio ninguém, mais ninguém .




Guarda-me .

setesois said...

olá boa noite, como eu cresço quando te leio ou releito, como me fazes crecer, neste meu nascimento, de uma vida nova,

abraço apertado

Fernando

Guilherme Lima said...

Bem...
E apeteceu-me ler mais um...
E apercebi-me de que TENHO de ler o blog todo...
É de espaços assim que a blogosfera precisa... ;)